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VIVER E CONVIVER

Vida de Aparências

Em nossas reflexões sobre nosso lugar no mundo, em nosso autoconceito, em nossos relacionamentos pessoais e profissionais, consciente ou inconsciente, positiva ou negativamente, estamos as vezes tentando o tempo todo lidar com a questão das aparências ou manter as aparências.

Importante frisar que a origem da palavra vida é do latim “vita”, que se refere à vida. É a situação de atividade incessante comum aos seres organizados. É o período que decorre entre o nascimento e a morte. Por extensão vida é o tempo de existência ou funcionamento de alguma coisa.

E a palavra aparência? Do Latim APPARENTIA, de APPARERE, “surgir, aparecer, mostrar-se”, formado de AD, “a”, mais PARERE, “apresentar-se, fazer-se visível”. Do Grego EPHEMEROS, “curto, o que dura apenas um dia”, de EPI, “sobre”, mais HEMERAI, “dia”.

Na etimologia das palavras percebe-se a gravidade de se viver de aparências. Enquanto a palavra vida, é fluida, incessante, organizada, tempo de existência. A palavra aparência é uma coisa efêmera, passageira, por pouco tempo. Por saber-se que o tempo transforma qualquer coisa aparente e naturalmente destrói muitas coisas.

Nisso, manter a vida sustentada nas aparências geralmente vai desenrolar em sintomas de depressão, menos valia, solidão e até neuroses, pois o fluir da vida não vai acontecer.

Pense numa máscara que está colocada sobre a face por muito tempo. O que acontece, uma máscara tem características de ser fechada, seca, dura, não passa o ar, isto é, a vida, nessa circunstância a vida não acontece, a fluidez da vida é descartada. A autenticidade equilibrada vai tornar a vida mais fluida, mais leve, pois vai permitir ser quem tu és.

São camadas e camadas colocadas para manter as aparências, às vezes, a pessoa não admite os sentimentos, sua situação não está como queria. Mas o que tem por detrás da vida de aparências? O que sustenta as aparências?

Quanto mais carência mais aparência. Nisso podemos começar a ter mais clareza de que a vida de aparências esconde carências, medo de ser desaprovado, medo de rejeição.

Em geral, as carências das pessoas que vivem de aparência são elaboradas com dois alvos na mente: dissimular a realidade que elas têm ou projetar na sua vida uma realidade que elas queriam ter. Esse é um hábito muito prejudicial.

Quando fugimos do fato nos liberamos da necessidade de encarar a dura realidade para agirmos sobre ela com efetividade. Assim, nunca faremos mudanças necessárias relacionadas ao que vivemos, tentando mostrar uma vida aparentemente perfeita para os outros.
Quem vive essa vida de aparência costuma ter inúmeras frustrações. Porque existe uma tentativa frustrada de simular uma realidade idealizada. Idealização é fuga da realidade. Vale ressaltar a relevância de não utilizar essa artimanha de querer viver de aparência no dia a dia, com essa intencionalidade distorcida. Na psicoterapia é possível buscar ampliar as causas desses gatilhos que são acionados de maneira tão danosa no modo de se manifestar na cotidianidade. “Viver” de aparência guarda raízes profundas com consequências ruins para a saúde mental, afetando de modo negativo e crucial os relacionamentos interpessoais. Viva sem máscaras sociais. Aceite sua singularidade. Somos todos originais.

Bibliografias: Viorst, Judith. Controles Imperfeitos. Editora, Melhoramentos Ltda. Ed. 05, 2007.

Webgrafia: https://www.psicanaliseclinica.com/viver-de-aparencia/ acesso: 04.03.2024.

Filmografia: A Criada.

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