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FATTI & RACCONTI

“IL MOLIN DEL NONO CESCO”

 

Francisco Tomio nasceu em Ascurra SC em 01/09/1908 e faleceu em 18/02/1991 aos 82 anos na mesma cidade onde nasceu. Era conhecido pelo apelido de Cesco. Casou-se com Francisca Roberti em 10/12/1942 e teve treze filhos.  Era neto de Ângelo Tomio e Augusta Tonet, imigrantes italianos oriundos de Revine Lago, província de Treviso (Veneto).

 

Francisco quando jovem

Quando jovem foi aprendiz de marceneiro. Trabalhou com Beppi Bona, o qual era proprietário de uma marcenaria. A empresa localizava-se no início da Rua Santa Catarina em Ascurra. “Nono” Cesco tinha um colega, também  aprendiz, que fazia o mesmo horário de trabalho. Certa vez este colega cortou uma madeira de forma errada e foi advertido pelo professor Beppi Bona. O rapaz ficou chateado e pediu a conta. Disse que iria trabalhar como ferreiro. Desta forma se cortasse alguma peça errada, seria fácil colar a mesma com solda diferente da madeira que não aceita erros.

  Depois que aprendeu o ofício de marceneiro, Cesco montou sua própria marcenaria. A nova empresa  também ficava na rua Santa Catarina. Nas proximidades  construiu também sua casa. Com o tempo a marcenaria ficou maior e os seus filhos homens começaram a trabalhar com ele. Nasce  assim a Indústria de Móveis Tomio.

Como marceneiro, Cesco  foi um dos maiores fabricantes da região de polias de madeira. Estas eram usadas nos eixos de transmissão de máquinas para  marcenarias, batedeiras de arroz e outras utilidades também.

  Na década de 1940 Cesco foi preso por falar italiano. Com a segunda guerra mundial em andamento, os cidadãos de origem italiana eram proibidos de falar o seu idioma de origem.  Como a Itália era inimiga da guerra, o governo brasileiro, com a proibição, tentava evitar algum sentimento nacionalista pelo país de origem. 

  Mais adiante Cesco saiu da sociedade e a empresa passou a ser controlada pelos seus filhos. Foi quando estes construíram, em 1969, o  novo prédio em alvenaria defronte ao antigo. O galpão antigo ficou para  Cesco  e passou a ser usado para sua atafona. Antes disso, já em 1949,  Francisco já tinha outra pequena atafona nos fundos. Lá ele já fabricava os produtos do milho como farinha de polenta, carolo, etc.

  Foi com a atafona que Francisco ficou mais conhecido na região. Havia outras em Ascurra mas todos compravam ali pois diziam que a farinha era a melhor. O segredo era uma pedra especial que era usada para a moagem. Nas mesas das famílias italianas da região reinava a polenta com farinha Tomio. Era comum os agricultores trazerem o milho e trocar por farinha de polenta e outros produtos fabricados ali. Tudo era aproveitado naquela empresa.

   Nono Cesco tinha uma bicicleta que era usada desde a sua juventude. A bicicleta de 1934 está totalmente restaurada na loja Tomio Presentes de propriedade de sua neta Telma. O restaurador da bike, disse nunca ter visto bicicleta igual. A mesma tem as alavancas de freio embutidas no guidão. Uma raridade.

  Com a idade ele resolveu aposentar a bicicleta e comprou uma pequena moto conhecida como Alpina. Porém sofreu um acidente em frente ao Supermercado Dalfovo e com o susto resolveu aposentar esta também.

  Nono Cesco era muito conhecido na época. O local onde ficava a empresa, era habitado por várias famílias Tomio. Quase virou nome de bairro no dito popular. Quando alguém queria referir-se ao local, diziam: “Lá nos Tomio”. Dos móveis fabricados por Francisco ainda encontramos muitos nas casas mais antigas. Bem feitos eram duráveis. Já a farinha de polenta está só na lembrança dos mais antigos. Uma iguaria que ainda hoje encanta o paladar por todo o Brasil trazida pelos imigrantes italianos.

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