
As décadas de oitenta e noventa foram marcadas pelas discotecas. Jovens de todo o Brasil dançavam ao som do que hoje chamamos de flashback. Um ritmo dançante com músicas e letras de qualidade com bandas e cantores que faziam sucesso no mundo inteiro.
Os jovens ascurrenses eram privilegiados pela quantidade de discotecas que existiam em um raio de dez quilômetros. Em Rodeio destacamos o Walita em frente a Cooper e em frente a Igreja matriz o “Cele” e "Osmir Berri". Em Ascurra tínhamos o Clube Ascurrense no Ribeirão São Paulo, Salão Dalfovo e São Roque na Estação. No centro, Salão Paroquial, Salão Mario Dalpiaz e União Ascurrense. Obviamente que nem todas estas discotecas funcionavam ao mesmo tempo. Estamos falando no período de aproximadamente duas décadas.
A discoteca do Salão Paroquial era conduzida pelo grupo Cajuá (Cristo Amigo da Juventude Unida Ascurrense). Grupo esse que seguiu a ideia de uma freira de Rodeio. O objetivo era promover encontros de jovens com música. Com o fim do grupo então um dos membros, Gino Luiz Depiné, resolveu continuar com a discoteca no salão de Mário Dalpiaz que ficava em frente a igreja matriz. Foi ali que José Renato Leite iniciou sua carreira de DJ auxiliando Gino com as músicas.
Depois deste local então o grupo passou a usar o salão do Clube Ascurrense de Futebol que ficava na Rua Getúlio Vargas. Um salão de madeira que lotava aos domingos principalmente quando havia jogo de futebol. Foi a partir dali que surgiu a ideia de criar a mais famosa discoteca da região: A discoteca Floresta Negra.
Floresta Negra
A discoteca Floresta Negra foi inaugurada em setembro de 1984 em um prédio que fica no início da Rua Benjamin Constant. Isto ocorreu após a grande enchente que assolou a cidade de Ascurra. Antes disso, porém, Gino Luiz Depiné, idealizador e proprietário da discoteca, fez uma pré inauguração com objetivo de divulgação no salão paroquial. Foi um evento em parceria com a Rádio Atlântida com a presença de grandes comunicadores como Magrão e os irmãos Tito e Nilton Amorim. Estes últimos eram inclusive ascurrenses na sua infância e grandes comunicadores tanto na rádio como na TV RBS.
Foto da discoteca
Legenda: A famosa discoteca Floresta Negra no bairro São Francisco
Com o grande sucesso a discoteca Floresta Negra precisava de um novo local. Foi ali que Gino construiu um novo prédio próprio para a atividade. Surgiu então em 1987 a nova discoteca no Bairro São Francisco. Um ambiente moderno, aconchegante e completo. Jovens de todo o Vale do Itajaí frequentavam uma das discotecas mais famosas da região.
Os equipamentos de som eram os mais modernos que a época oferecia. A Floresta Negra ficou no vigésimo lugar no ranque a nível de Brasil pela qualidade de som e luzes. A medição era feita pela loja Palácio de São Paulo. A mesma era especializada em equipamentos para discotecas. Um dos primeiros “Órion” fabricados no Brasil, inclusive veio para Ascurra. Trata-se de um globo de luzes que encanta os frequentadores pelo tamanho e beleza.
A Floresta Negra não era apenas uma discoteca. Ela promovia também outras atividades para entreter os frequentadores. A famosa gincana de aniversário era feita no mês de setembro. Equipes de toda a região se organizaram para competir. As mais famosas eram Patropi, Cicciolina, Cannabis, Garrafão entre outras. As provas eram muito divertidas e algumas bem radicais: Pegar o porco na lama, quantidade de pessoas em uma bicicleta, quantidade de pessoas dentro de um Fusca (o recorde foi 26), cabo de guerra, travessia na lama, corrida rústica, show de talentos e muitas outras.
Foto Nara
Legenda: Os comunicadores da discoteca em 1985 no primeiro espaço no início da Rua Benjamin Constant (Nara Angela Poffo, José Renato Leite, Marcio Mori e Arnaldo Cezar Fuzinato)
Na parte cultural a discoteca fazia a eleição da Garota Floresta Negra, noites temáticas, show da Tiazinha e Feiticeira, banheira do Gugu, noite do terror, noite do Havaí entre outras. Lembrando também as bandas de sucesso que tocavam na Floresta: Incandescente de Itajaí, Portal da Cor, Quarta Redenção, Garotos da Rua. Tivemos também apresentação de Maurício Mattar e grupo We Can Dance entre outros.
Certamente a discoteca Floresta Negra era um local de encontro de muitos jovens. Muitos namoros surgiram ali entre uma música lenta e outra. Muitos casamentos também surgiram graças a discoteca. O final de semana era sempre aguardado com ansiedade. A boa conversa com amigos e namoradas era presencial. O celular era desconhecido daqueles jovens da época. Porém quase como tudo, a discoteca também teve seu fim. No ano 2000 marcou o fim daquele templo da dança. O motivo? Uma nova escolha da juventude. Outros tipos de diversão. Aos poucos todas as discotecas foram encerrando suas atividades. Porém a lembrança daqueles tempos, o gosto pelo que hoje chamamos de flash back permanece naqueles que viveram uma época de ouro.



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