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FATTI & RACCONTI

1976 – O Centenário da Imigração Italiana de Ascurra

 

  Ascurra teve seu território colonizado no ano de 1876. Diferente das demais cidades do Vale do Itajaí que tiveram o início no ano de 1875. Outra diferença é que Ascurra teve colonização predominante Veneta e as demais cidades a colonização foi Trentina. Por isso a cidade tem o título de BERÇO DA COLONIZAÇÃO VENETA EM SANTA CATARINA.

   

Pórtico na entrada da cidade em 1976 / ARQUIVO

  A cidade realizou grande festa por ocasião do seu centenário em 1976. Na época o prefeito era Eugênio Poffo e este não mediu esforços para comemorar esta grande data. Foi um ano marcante para a população. Tivemos a construção da prefeitura nova localizada no mesmo local da antiga. Um prédio moderno em comparação com o anterior. Tivemos também o lançamento do livro COLONIZAÇÃO ITALIANA DE ASCURRA. Livro este com uma capa azul que se tornou uma relíquia. Poucas pessoas na cidade ainda possuem um exemplar. O mesmo foi escrito pelo escritor ascurrense José Escalabrino Finardi. Mais tarde tornou-se famoso jornalista na cidade de Blumenau. Finardi conseguiu documentar toda a história e graças a ele hoje sabemos  como a cidade foi colonizada. O livro foi reeditado e complementado pelo seu sobrinho Amaury Alberto Buzzi.

  Outro fato importante naquele ano foi a conquista do campeonato do time de futebol Sete de Setembro. Campeão da liga Blumenauense de Futebol, o time trouxe mais alegria para a cidade na época. No mesmo ano também foi instalada na cidade a empresa Sul Fabril que gerou muitos empregos. Também tivemos a inauguração do prédio da Casan e Celesc.

Vamos tratar aqui das festividades que ocorreram naquele ano em homenagem ao centenário. A prefeitura organizou uma grande festa  temática evidenciando a cultura italiana da cidade. A comissão organizadora era presidida por Castilho Poffo que era filho do prefeito. Os demais membros da comissão eram Leodato José Beber, Eloi Possamai e Benvida Isabel Poffo. As comemorações tiveram início no dia 02.10.976 e  o térmico em 10.10.1976. O desfile com carros alegóricos mostrando carroças e animais que eram essenciais na agricultura. Pessoas jogando cartas, caçadores  com cães à procura de animais para a alimentação. As escolas da cidade também com seus alunos tipicamente trajados. Cantores nas festas juninas sempre mostrando a fogueira que era acesa no inverno, a religiosidade católica que guiava os imigrantes também vimos no desfile.

No desfile destaque especial para a charrete do lendário Madio Poffo e sua esposa Aurélia e também a primeira canoa construída por João Jacinto Caneca em 1893. Esta era usada para cruzar o rio Itajaí no bairro Guaricanas.

   

A canoa dos imigrantes / ARQUIVO

O desfile dos alunos da escola São Domingos Sávio foi coordenado pela professora de educação física Mirtes Maria Kiste Beber. Ela também foi responsável pela apresentação e coordenação da dança das sessenta meninas, todas tipicamente trajadas. Estas dançaram em frente a prefeitura ao som  de  músicas do folclore italiano. Na época reinavam os discos de vinil. Estes foram fornecidos pelo pároco da cidade, padre Valdir Andreatta. Mirtes lembra que uma das músicas era da Orquestra Verdi. Todas com músicas italianas. As sessenta meninas dançaram também no altar da igreja matriz.

   

A realeza da festa / Arquivo

Mirtes também organizou a eleição da rainha do centenário. A eleição aconteceu em uma noite do dia 02.10 no salão paroquial da igreja matriz.  Foram duas apresentações: Uma às candidatas com traje social e outra apresentação com trajes típicos representando vários aspectos da cidade.

  

Desfile na Avenida Brasília / Arquivo

As candidatas foram: Mirtes Ferrari, Amabel Ferrari, Elizete de Souza, Sueli Raphaelli, Aneli Giosele, Laura Demétrio, Mirian Poffo, Neusa Fusinatto, Vania Marchi e Aparecida Chiarelli. Todas  tinham uma madrinha, uma empresa ou pessoa que patrocinou os trajes. Elas desciam por uma escada dentro do salão paroquial da igreja e eram conduzidas até a passarela por um príncipe. O príncipe era Leonel Zonta. A vencedora do concurso foi Amabel Ferrari que na época era atleta da ginástica rítmica de Blumenau.  Terminada  a eleição, Amabel fez uma apresentação de balé e depois disso o baile da rainha. Os jurados que tiveram o difícil trabalho da escolha eram todos de outras cidades. Alguns exemplos dos trajes típicos: Vânia Marchi representando o esporte, Aparecida Chiarelli representando uma camponesa e tinha como madrinha Benvinda Izabel Poffo e o vestido confeccionado por Nair Tomio. Mirtes Ferrari representando a cultura do arroz. Amabel representando a serra do mar com vestido verde desenhado por seu pai, o advogado Arlindo Ferrari. E assim por diante.

  Neste ano também tivemos a criação do hino de Ascurra e do hino do centenário. Ambos com a letra do padre Hilário Passero e Música do padre Virgínio Fistarol. Padres salesianos ascurrenses que estavam trabalhando em Brasília.  Estes hinos eram cantados nas escolas e também nas missas. A prefeitura distribuiu cartões com foto da igreja matriz e letra da bela canção.  A íntegra dos hinos já publicamos em outra matéria e o eleitor pode conferir a beleza da letra que toca o coração.

E assim Ascurra caminhou ao longo dos anos sempre preservando sua tradição e homenageando os colonizadores italianos. As festas atuais ainda fazem esta homenagem de forma mais abrangente. Porém o primeiro passo foi certamente este grande evento ocorrido em 1976 e liderado pelo saudoso prefeito Eugênio Poffo.

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