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As Capelas

Um clube de mães da cidade de Ascurra resolveu fazer uma pequena viagem até a serra do Rio do Rastro. O passeio foi no mês de maio de 2004. Estas voluntárias já estavam bastante estressadas e nada como um passeio para animar a mulherada. Pechinchando aqui e ali, conseguiram um ônibus dentro do orçamento do bolso de cada uma.
Os clubes de mães são formados por senhoras da comunidade, onde a religião tem papel importante na sobrevivência do grupo. Ajudam as pessoas e desenvolvem trabalhos artesanais. Participam de eventos para obtenção de recursos e assim manter o clube ativo. Frequentam a missa e rezam muito. São mães dedicadas e normalmente idosas. Porém algumas jovens também participavam do grupo.
Aquele dia da viagem foi muito especial. A maioria ainda não conhece a serra catarinense. Todas estavam motivadas e na expeditiva de conhecer uma das mais belas paisagens brasileiras. A serra do Rio do Rastro era um sonho de consumo destas senhoras. Há tempos vinham economizando para o passeio.
O ônibus chegou no local combinado e todas aquelas senhoras entraram sorridentes. Elas se despedindo dos familiares como quem vai a guerra. Algumas até choraram e abanaram os lenços brancos. Filhos e netos ali desejando um bom passeio também choravam de alegria.
O ônibus sequer havia engatado a segunda marcha e elas já rezavam em voz alta pedindo proteção na viagem. Na terceira marcha o ônibus passava em frente à igreja matriz. Todas levantaram e fizeram o sinal da cruz. Muito respeito pelo padroeiro de Ascurra Santo Ambrósio.
Uma das senhoras, a mais empolgada de todas, não largava o terço. Antes de chegar em Apiúna ela avista uma capela no lado da rodovia. A mulher do terço levanta-se, faz o sinal da cruz e uma breve oração. No centro de Apiúna avista-se mais uma igreja. A senhora levanta-se, faz o sinal da cruz e outra breve oração.
O grupo todo passa a imitá-la. Toda vez que aparecia uma capela. O clube de mães levantava-se, fazia o sinal da cruz e rezava. A viagem prosseguia, as capelas iam aparecendo e a mulherada se levantava, fazia o sinal da cruz e rezava. O motorista de tanto escutar, já se considerava santo com um lugar garantido no céu.
Como eram muitas as capelas, e para que nenhuma passasse despercebida, uma das senhoras resolveu sentar-se próxima ao motorista para melhor visualizar. Quando o veículo se aproximava de uma capela a mulher avisava: “Tutti a posto!”. Entre ginásticas e orações a serra chegou.
Já no alto da serra, ao cruzar pelas cidades onde costuma nevar, a mulher do terço, sozinha, continuava o ritual mesmo sem avistar as capelas. Todas observavam, mas não questionavam o porquê de tanta reza. Ela mal respirava! Olhava para ambos os lados das cidades e imitando o “The Flash” já nem mais rezava, somente fazia o sinal da cruz.
Certo momento, todas pensando que a mulher do terço poderia estar possuída pelo demônio, resolveram intervir: “Por que você está fazendo tanto sinal da cruz? O combinado é só quando aparecer uma capela!” -“Vocês não estão vendo? As cidades aqui da serra estão repletas de capelas por todos os lados!” Responde a mulher do terço.
Moral da história: As casas das cidades onde costuma nevar, são construídas com telhado bastante inclinados para evitar o acúmulo da neve. As construções acabam assemelhando-se às igrejas. A mulher do terço jurava que se tratava de capelas.
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