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Fatti&Racconti

Celular ao forno

  Aquela manhã de setembro de 2000 poderia ter sido normal para Eduardo.  O destino, porém, quis que o dia começasse mal para nosso amigo. Como era de costume, Eduardo escovava os dentes, dava uma espiadinha pela janela, pegava uma revista e dirigia-se para o banheiro. Toda manhã, bate aquela vontade e o rapaz curte aquele momento relaxante na privada ainda cheirando a cloro.

  Mal tinha baixado as calças e lembrou que faltava alguma coisa: O celular. Sim, Eduardo não ficava nem um minuto sem o seu celular. No ano 2000 os celulares ainda não acessavam internet. Era usado somente para ligações mesmo. Mas era importante ter o mesmo por perto. Pegou uma revista que estava sempre do lado da privada para o momento relax. Já tinha iniciado o processo de passagem do fax. Resolveu dar um subtotal no “fio fó” e foi à procura do telefone.  Lembrando que esse é um procedimento perigoso e não recomendado pelos médicos. Refiro-me à interrupção do fax. Depois, já com o celular no bolso da camisa, recomeçou o ritual.

  Tudo ia bem até aquele momento. O fax foi religado e o restante do cocô estava saindo. Terminou de ler sua revista favorita e passou a mão no papel higiênico. Percebeu que estava sem o mesmo por perto.  Então resolve levantar um pouco e alcançar um jornal que estava por perto. Viu na capa do jornal uma foto de um político que não era do seu agrado. Pensou “Lé ancoi che te esmerdo su el mus”!  Eduardo levanta e se curva para pegar o jornal. Quando ia passar no Filomeno, eis que o celular caiu dentro do bacio da privada e não conseguiu evitar.

  De início, desespero, mas aos poucos, deu graças a Deus que a diarreia do outro dia havia passado. Com o “fio fó” ainda sujo, Eduardo tenta afastar o barro para o lado, enquanto com a outra mão tenta tirar o celular. Operação difícil. O enorme cocô estava boiando e o celular por baixo. Era uma emergência e a limpeza da bunda podia ficar pra depois. Nojo? Claro que sim! Mas sabe quanto custava um celular no ano 2000? Quase o preço de um terreno!

  Conseguiu retirar o celular e rapidamente levou seu celular próximo ao fogão a lenha para secar.  Não ia dar certo. Então resolveu deixar dentro do forno em fogo baixo. Lá o celular permaneceu quase toda a manhã.

  Ao retornar Eduardo percebeu que ainda estava molhado e fedendo a cocô. Aumentou a quantidade de lenha e a temperatura subiu. Pediu para a esposa ficar de olho e retirar em alguns minutos. Voltou ao trabalho. A noite Eduardo lembrou do celular. Foi ter com a esposa e para sua surpresa, ela havia esquecido de retirar o mesmo do forno. Com uma velocidade, que, com certeza, traria o ouro olímpico dos cem metros rasos para Ascurra, Eduardo chegou ao fogão.

  O cheiro não era de comida. Do seu estimado celular, restou um pequeno objeto, que mais parecia uma perereca de boca aberta! E não acabou por aí. Na hora do banho, percebeu uma freada de bicicleta na cueca. Esqueceu de limpar a bunda! Aquele político da capa do jornal deve ter ficado feliz!

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