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Preservação histórica

“Quem não conhece seu passado está condenado a repeti-lo”

A frase atribuída a George Santayna é uma das verdades mais contundentes e que se pode usar para a vida particular ou pública. Indiscutivelmente a construção da história do mundo é controlada por grandes interesses e interessados, normalmente, os próprios Governos a conduzir seu povo ao seu próprio propósito. Na história de cada país isso se repete. Nos municípios a história é praticamente inexistente pela falta de amor às próprias características. Pela população, um pouco por ignorância, um pouco por ideologias, um pouco por inocência e muito pela aceitação das incisivas narrativas, especialmente no mundo cibernético, a História se perde e vira “Estória”.

As pessoas que não têm domínio, que não conhecem, que não buscam ou bebem diretamente na fonte, acreditam em qualquer narrativa que alguém ‘grita’ com convicção, por mais evidente que seja a mentira contada. E assim o passado vai se esvaindo.
Grave, porém, é a perene negativa à História. Na tentativa diária de reescrevê-la, renega-se o direito à verdade. Muitos de nós não sabemos absolutamente nada sobre nossa própria história familiar, imagina sobre a história da cidade ou do próprio país. Poucas culturas estabelecem um vínculo com seu próprio passado. Dançar a tarantela e orgulhar-se dos antepassados italianos é, de fato, algo belo, diria, belíssimo. Porém, esse passeio pelas nossas origens não demonstra qualquer vestígio de respeito e profundidade na relação com a própria cultura e história, especialmente quando vemos poucos abnegados buscando, através de encontros quinzenais (Conselho de Turismo) a preservação da casa do fundador do município de Ascurra e muitos outros patrimônios materiais e imateriais. Casas fantásticas estão sendo demolidas e poucas se mantêm incólumes. Mas, não só de Casa se conhece a história, também, de nomes grandiosos como José Finardi que foi o primeiro historiador da cidade de Ascurra, o primeiro a escrever e assegurar parte da história ascurrense, pessoa a quem se deve respeito e admiração e que sequer é conhecido pelos cidadãos de Ascurra. As Secretarias de Educação preferem ver os alunos lendo livros de antigos escritores de uma realidade distante da nossa do que dos escritores dessa terra que não são poucos.

Há um acervo de pessoas, bens móveis e imóveis que pavimentaram nosso percurso até aqui. Qual a verdadeira trajetória de nossa cidade desde 1876? Como chegamos até aqui?

Talvez muitos não saibam, mas sem aprender com o passado, inclusive com os erros, muitos tentam mudar a História para trazer mensagens inverídicas e fundamentar suas próprias ficções. Nos furtam detalhes importantes da história do nosso Brasil, mas não podemos permitir que aqui, no jardim de nossa casa, em nossas cidadezinhas, nos esqueçamos ou não enfatizemos a trajetória historiográfica e de organização de nossa Ascurra, também de Rodeio e de Apiúna.
Estamos até mesmo perdendo detalhes da história recente que vão pouco a pouco se transformando em falácias. Muitos acham que publicar os fatos nas redes sociais fará que seja lembrado. Não, logo cairá no esquecimento. Até mesmo aquele seu arquivo digital de momentos especiais da sua vida sumirão. Pendrives, HDs e outros se deterioram com o tempo e não podem mais ser acessados.

O passado compõe o homem. E através de arquivos impressos de fotos, livros, jornais e revistas, que perduram por milhares de anos, podemos manter nossa história viva.

Nascemos com um passado intrínseco que traz a realidade. Sim, nós não só enfrentamos como precisamos do discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo. Por que o costume: vem de onde? Dos ensinamentos do passado. Para ser família é preciso reconhecer o lar que é formado por pessoas que estão conosco e as que vieram antes. E para ser patriota é preciso conhecer a própria história, saber o porquê nossa bandeira é como é. Nossas cidades tem tudo isso, basta reconectarmos sem invenções. O cenário dos filmes é aqui, tanto pelas belezas naturais, como pelos costumes, culinária e arquitetura. Temos tudo. Seja na vida pública ou particular é necessário ter acesso à História como ela é, boa ou ruim, com preços ou apreços, com tiranias ou democracias, arbitrários ou justos. Dela se retira a voz dos atores sociais que podem nos ensinar através de fotos, documentos, estruturas físicas. Ainda que haja a evolução da sociedade, a distância entre o passado e o agora é tenaz porque ela se faz presente em todos os inventos e esboços atuais.

Ainda que criem heróis ou vilões (ainda que inexistentes), os tempos são outros, mas os problemas são os mesmos.

Nos arquivos regionais podemos desvendar grandes soluções.

Lembrem-se: para renovar as flores é preciso fortalecer as raízes.

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