OPINIÃO

A perigosa miopia do Brasil frente aos Estados Unidos

  

O Brasil caminha em direção a um precipício diplomático e econômico, guiado por uma bússola ideológica que aponta diretamente para o passado. Enquanto a nação flerta com velhos conceitos de "terceiro-mundismo" e se alinha a regimes autoritários, a relação com o principal parceiro econômico e estratégico do Ocidente, os Estados Unidos, se deteriora a olhos vistos. A postura atual do governo brasileiro, marcada por um antiamericanismo anacrônico, não é apenas um capricho retórico; é uma escolha estratégica que já demonstra um custo alto e iminente para a nossa soberania e prosperidade. A guinada à esquerda da política externa brasileira, que busca um alinhamento com nações de duvidosa reputação democrática e que divergem dos valores ocidentais, é o sintoma de uma visão de mundo míope. Ao criticar a política americana e se opor à sua agenda, o Brasil se isola de um bloco que historicamente foi crucial para seu desenvolvimento. Os Estados Unidos, uma potência consolidada e com a maior capacidade de aliança militar e econômica do mundo, são tratados como um adversário, enquanto parcerias com regimes que flertam com o comunismo e a autocracia são exaltadas. Essa estratégia não apenas prejudica o comércio e a atração de investimentos, mas também fragiliza a posição do Brasil em um tabuleiro geopolítico cada vez mais complexo.

O retorno de uma administração de direita nos Estados Unidos, com sua filosofia de "América Primeiro" e uma aversão declarada ao multilateralismo, deveria ter servido como um alerta máximo para o governo brasileiro. Em vez de buscar o pragmatismo e a aproximação, o Brasil optou por aprofundar a polarização. O resultado é um cenário de crescente tensão, no qual o diálogo diplomático foi substituído por uma "guerra de palavras" e medidas protecionistas unilaterais, como tarifas retaliatórias. A balança comercial, antes um indicativo de parceria robusta, agora reflete a fragilidade dessa relação, com um déficit alarmante para o Brasil. A retórica antidemocrática de Washington, por si só, não justifica o afastamento. A verdadeira responsabilidade por esta ruptura é o abandono da política externa pragmática que, por décadas, priorizou o interesse nacional acima de afinidades ideológicas.

O Brasil se esqueceu de uma lição básica: a força de uma nação se constrói a partir de alianças sólidas, baseadas em valores compartilhados e interesses mútuos. Ao invés de fortalecer os laços com os EUA e com outras democracias liberais, o governo atual prefere a companhia de nações que pregam a desordem e o desrespeito à liberdade e à propriedade privada. O Brasil, um país que enfrenta desafios internos massivos, como a crise econômica e a instabilidade política, não pode se dar ao luxo de se alienar de seus aliados mais importantes por pura vaidade ideológica. A busca por um protagonismo internacional que ignore o cenário real de poder é uma utopia que só beneficia a nossos concorrentes. O cenário atual é ainda mais preocupante quando se analisa a profundidade do desentendimento. O governo brasileiro, em sua retórica, parece não apenas discordar das políticas americanas, mas sim buscar ativamente um contraponto moral e político ao modelo ocidental. As críticas a temas como a política ambiental, a atuação em conflitos globais e a própria arquitetura do sistema financeiro internacional demonstram uma intenção de reorientar o Brasil para longe de sua órbita tradicional. Essa reorientação, no entanto, não é baseada em uma análise fria e pragmática dos benefícios, mas sim em uma nostalgia de um "mundo multipolar" que nunca existiu de fato e, hoje, é apenas um pretexto para a aproximação com regimes que não representam os valores de uma sociedade livre e democrática.

A relação comercial, que deveria ser o pilar dessa parceria, também sofre os impactos dessa miopia. A indústria e o agronegócio brasileiros, que dependem diretamente da estabilidade e do acesso ao mercado americano, são os primeiros a sentir o peso da incerteza e da deterioração dos laços diplomáticos. O protecionismo americano, que sempre foi uma preocupação, agora se justifica mais facilmente para a opinião pública de lá, diante da postura hostil do governo brasileiro. A ausência de um diálogo construtivo e a falta de uma agenda propositiva para resolver disputas comerciais e abrir novos mercados são sintomas de uma diplomacia que abdicou de seu papel primordial: defender os interesses econômicos da nação.

Além disso, o aspecto geopolítico não pode ser ignorado. Em um contexto de crescente competição entre blocos, o Brasil escolhe um lado que, na melhor das hipóteses, é instável e, na pior, é abertamente antagônico às potências que garantem a ordem e a estabilidade global. A segurança jurídica e a confiança dos investidores estrangeiros dependem, em grande medida, da previsibilidade e do alinhamento do Brasil com os princípios de livre mercado e democracia. Ao se afastar dos Estados Unidos e de seus aliados, o Brasil se torna um risco para o capital e para o desenvolvimento tecnológico, perdendo a oportunidade de se integrar a cadeias de valor mais sofisticadas e de atrair investimentos de longo prazo. É imperativo que a sociedade brasileira e as forças políticas responsáveis reflitam sobre o rumo perigoso que a política externa do país está tomando. A vaidade ideológica do governo atual não pode ser mais importante do que o bem-estar e a prosperidade do povo brasileiro. Retomar a relação com os Estados Unidos não significa submissão, mas sim o reconhecimento de uma parceria estratégica, baseada em interesses compartilhados, que é fundamental para a nossa segurança, nosso crescimento econômico e nossa projeção internacional. Ignorar essa realidade é insistir em um erro que custará caro, e a conta será paga por todos os brasileiros.

A perigosa miopia do Brasil frente aos Estados Unidos Anterior

A perigosa miopia do Brasil frente aos Estados Unidos

A Lei como ferramenta de perseguição Próximo

A Lei como ferramenta de perseguição

Deixe seu comentário