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Viver e Conviver

Sobre Ter Certeza

A rigor sobre ter certeza está por todo lado. O problema: o que significa estar convencido de algo? O cérebro tem capacidade de criar a crença inabalável de que o que sentimos que sabemos estar de fato inquestionável?  

Às vezes, no dia a dia temos respostas para tudo ou achamos que temos que ter respostas para tudo. Podemos pensar num esquema montado por nossas crenças. Sobre isso, os efeitos são de como fazemos perguntas, e até como a noção de não sabermos de tudo vai gerar muitas angústias. A partir da percepção que temos nossas limitações nasce um sossego interior de não sabermos tudo e não dominarmos tudo.  

Em muitos fatos da vida temos a sensação de conhecer algo, quando surge à prática, vemos que é limitado nosso conhecimento, por isso, entre a teoria e a prática tem muita diferença.  São pouquíssimas pessoas que não se utilizam de achismos e vão buscar com profundidade os porquês das coisas (certezas). Muitas vezes temos a impressão de que todas as respostas estão na ponta da língua e examinamos a nossa agenda mental em busca de uma lembrança, algum viés de confirmação. Surge a frase: “Eu sei, mas não consigo lembrar”. O exemplo retrata a sensação de saber.  

Logo, o conselho vem de alguém ou de si mesmo: “estude mais profundamente sobre o problema”. Essa atitude de estudar mais e se aprofundar vai preencher a lacuna entre o conhecimento seco e a sensação de entender. Se não assumimos isso, nós seres pensantes tendemos a desistir desse processo cognitivo. Mas, para aqueles momentos existenciais em que questionamos: “o sentido de tudo isso”, quando sensações anteriores satisfatórias de propósito de vida não fazem mais sentido, a história e a experiência nos ensinaram coisas diferentes.  

Ficamos ruminando uma ideia ou problema, daí vamos dormir com tais pensamentos na mente e gradualmente ficamos convencidos e dizemos a si mesmo (a) – está certo – é o domínio de sensação de saber para confirmar nossa certeza. Mas a experiência nos diz que essa sensação de saber é ilusória. Permanecer no erro é orgulho, teimosia e potencialmente prejudicial e deixa qualquer pessoa estagnada.   

A certeza não é biologicamente possível. Devemos aprender e ensinar nossos entes queridos a enfrentar os dissabores das incertezas. A ciência deu vários estudos, métodos para analisar, classificar as opiniões de acordo com a probabilidade de corrigir. Não podemos arcar com as consequências da crença de ter certeza. Como você sabe o que sabe? Isso provoca as mais básicas das perguntas. Fica a reflexão. Como transformar a certeza absoluta (crença) numa certeza relativa (provisória)? O ato de refletir continuamente faz criar sinapses no cérebro, com tais associações de ideias as pessoas ficam com um maior cabedal de dúvidas e menos certezas absolutas no cotidiano, eis aí a sabedoria fidedigna se consolidando. Vivemos numa era bastante informacional e tecnológica, onde pensar com cautela e profundidade está cada vez mais raro. A assertividade nos pensamentos pode ser construída. A neuroplasticidade explica que a dedicação em querer saber algo, ter certeza relativa, pode transformar a massa cinzenta cerebral. Convicções baseadas em experiências traumatizantes são limitantes. A coragem evolutiva está inserida em desconstruir certezas errôneas adquiridas nas vivências ruins. Leia e reflita! 

Bibliografia: Burton, Robert A. Sobre ter certeza: como a neurociência explica a convicção.  

Filmografia: O Cidadão Ilustre. 

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