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FATTI & RACCONTI

Assaltando com diplomacia

A violência está tomando conta dos grandes centros e volta e meia de cidades pacatas também. Os assaltantes já não querem só roubar. Matam, raptam e machucam inocentes. Normalmente mal vestidos e feios de doer, são percebidos de longe. Porém o assalto que vamos conhecer agora não tem nada disso.  Feito na mais requintada e educada ação, os bandidos foram tão humanos com as vítimas que até deixaram saudades.

 Cidadão ascurrense, estava na casa de parentes em Timbó em junho do ano dois mil. À noite a campainha toca e o dono da casa atende pela janela. Um homem sorridente, tipo ator de novela, muito bem vestido, pediu se ali morava fulano de tal. Depois de responderem negativamente, o cidadão ascurrense e o parente, voltaram até a sala. Para sua surpresa, outros dois estranhos, com belos revólveres e sorridentes anunciaram um assalto. Estes novos visitantes, também muito bem vestidos no estilo entrega do Oscar, pediram gentilmente, que todos ficassem calados enquanto faziam o serviço.

Durante duas intermináveis horas, aqueles legítimos galãs de Hollywood, vasculharam toda a casa à procura de dólares e joias. Como não encontraram muita coisa, pediram se o cidadão ascurrense se importava em entregar aquele belo relógio no seu pulso. “Estejam à vontade” respondeu o cidadão ascurrense. Inclusive tenho aqui um pouco de dinheiro. Podem levar, não estou precisando no momento”.

Os assaltantes agradeceram a gentileza e como estavam exaustos, pediram comida e bebida pois ninguém é de ferro.

 Após o merecido banquete, anunciaram que partiriam, mas que jamais esqueceriam o quanto foram bem atendidos. “Precisamos de mais um favor”, disse um deles. - “Se estiver ao nosso alcance, faremos com maior prazer”, disse o ascurrense. O bandido prosseguiu: - “Alguém de vocês precisa acompanhar a gente. Sabe, não levem a mal, mas é que precisamos de garantias que a polícia não seja avisada.”

 A tremedeira tomou conta de todos naquele momento. Ser refém não estava nos planos de ninguém., mas não tinham escolha. Um dos membros da família, pessoa idosa, ofereceu-se para acompanhar os diplomatas. O ascurrense, no entanto, pediu para ir no seu lugar. Estava mais calmo e os bandidos prometeram deixá-lo próximo ao local do assalto.

 Nosso ascurrense e um dos “deputados” seguiram no carro deste refém, enquanto os outros assaltantes, em outro veículo que aguardava nas proximidades. O caminho era interminável. O bandido não parava de pedir desculpas e justificava-se a todo momento. Falou em política, mal do governo, futebol, etc. Enfim, comportou-se como se fosse um taxista amigo da vítima.

 O ascurrense foi abandonado próximo de Blumenau e seu veículo mais à frente. Caminhou por algum tempo até encontrar seu auto com as chaves na ignição. O retorno foi triunfante. Sem danos pessoais e poucos materiais.

 A experiência passada pelo ascurrense não é comum. Um dia o amigo leitor pode estar numa situação destas. Calma é o que importa neste momento. Valeu o ditado: “já que o estupro era inevitável, vamos nos divertir juntos”.

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