O personagem desse conto tinha como hobby cuidar da horta nos fundos de sua casa. Lá hortaliças cresciam sem agrotóxicos e com muito carinho. A esposa era quem preparava deliciosos pratos com as colheitas do maridão. Maridão no sentido de grande mesmo.

O casal com os filhos eram moradores de Ascurra e tinham outra atividade econômica naquele final de 2002. A horta era “um passatempo” para os finais de semana e o desejo da alimentação saudável. Tudo o que era produzido ali também era consumido pela família. Verduras, hortaliças, plantas frutíferas e flores embelezavam aquele quintal. O casal fazia questão de mostrar tudo para os amigos.

Certo dia a esposa preparou o “parolo” da polenta para cozinhar uma quantidade assustadora de pepinos. O objetivo era fazer suas deliciosas conservas. Tudo colhido da horta da família. Isso era feito de vez em quando. Os potes foram lavados e enchidos de pepinos colhidos no mesmo dia.

A esposa acendeu o fogão no final da tarde. Encheu o “parolo” com os vidros de pepinos e foi descansar. Pegou no sono e como o marido não ia “conversar” com ela naquela noite, a esposa só acordou quando o Bin Laden atacou.
Lá pelas dez horas da noite, o marido chega em casa “meso thuco”, vindo do futebol com amigos. Não se deu conta que uma bomba atômica estava prestes a explodir na cozinha. Tirou a roupa, como era de costume, e foi dormir sem tomar banho! Mais tarde, à noite, chega o filho do casal da faculdade. Entrou na cozinha e viu no fogão os pepinos ardendo. Ficou contente: “Oba! Amanhã tem pepino no almoço!” Nem se tocou que o “parolo” já estava vermelho.

A noite corria tranquila na casa da família. Lá pelas três da madrugada, o marido sonhava que estava nas nuvens. Aquelas nuvens brancas a sua volta e com aquele cheiro horrível. Cheiro? O marido pulou da cama como pula um cavalo de rodeio e gritou: “Fogo!”

A família toda correndo para os lados tentando descobrir o que estava ocorrendo. O foco do incêndio foi rapidamente localizado. O “parolo” ardia em brasa com os pepinos muito bem passados. A fumaça não permitia uma visão muito boa da cozinha. O marido passou a mão num balde de água e mirou o alvo. No seu entendimento ele apagaria o fogo e o único prejuízo seria os pepinos. Mal sabia ele que outro pepino horrível estava por acontecer. O contato da água fria com o parolo incandescente, desencadeou uma reação química, cuja fórmula, até o momento, só era conhecida do seleto grupo de Bin Laden. A explosão ocorrida, resguardadas as proporções de Ascurra para New York, causou inveja ao World Trade Center. Era só cachorro latindo e mulher chorando! Em um raio de dois quilômetros da casa nenhum vizinho dormiu mais.

A parede da cozinha e as partes “brancas” do marido (ele estava pelado no momento), guardam ainda hoje sinais da tragédia. A bunda branca e costas ficaram completamente tatuadas com pepinos. Marido e esposa devem permanecer na mira do FBI e investigados como possíveis terroristas.