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Larissa a escritora de 18 mil livros

DAMARIS BADALOTTI

A escritora Larissa Nunes Vieira é o destaque do Cabeço Negro desta edição

O CN traz como destaque a entrevista com a escritora Larissa Nunes Vieira, uma notável catarinense moradora de Rodeio, nascida em São Bento do Sul, com a profissão costureira, que publicou três livros vendendo mais de 18 mil exemplares.

Larissa Nunes Vieira, com apenas 24 anos, começou a escrever como indicação para tratamento de ansiedade e depressão após descobrir um tipo de anemia grave. Agora é uma escritora reconhecida e lida em 9 países. Larissa nos mostra como é possível sermos o que quisermos, desde que haja dedicação, vontade e amor pelo que se faz.

O Jornal conversou com a escritora. Confira.

Cabeço Negro: Quem é a Larissa?

Larissa: Sou uma pessoa um pouco tímida, mas que quando se solta, fala demais. Adoro descobrir coisas novas. Sou sentimental e uma romântica incurável. Às vezes impulsiva e muito teimosa. Nasci em 17 de maio de 1999 em São Bento do Sul. Meus pais são separados desde que eu tinha apenas alguns meses de vida. Entre idas e vindas, passei a maior parte da minha infância morando com minha mãe. Ela veio morar para Timbó quando eu ainda era pequena, se casou de novo e teve mais três filhos. Um dos meus irmãos morreu ainda bebê (sendo eu a mais velha e a única menina) nunca fui muito de sair e era um pouco tímida. Gostava de ficar sozinha. Adorava filmes e desenhar em meu tempo livre, até que descobri uma nova paixão. Nunca me esquecerei que o primeiro livro que comprei e que despertou meu vício pela leitura, era chamado: Cinco Luas, de Ronaldo Cavalcante. Um autor Brasileiro. Acho que eu tinha uns doze anos na época. Eu o encontrei na feira do livro que acontece em Timbó, quando eu era criança. Isso acabou despertando minha paixão incondicional pelos livros. Me motivou a me interessar mais pelas bibliotecas das escolas. Depois li o corcel negro de Walter Farleye, (O primeiro livro que me fez chorar). O guardião de memórias, a menina que roubava livros, o menino do pijama listrado etc. Meu gosto se tornou bem variado. E então, nunca mais consegui parar. Mas ao longo do tempo, romance e fantasia se tornaram meus gêneros favoritos. Sempre que começo, anseio por saber o final. Eu literalmente viajo com a história. É como ter um filme passando em minha cabeça.

CN: Como foi o desenvolvimento da escritora?

Larissa: Lia um livro de 500 páginas em três dias. Amava tanto os livros, que uma das professoras de uma antiga escola que estudei, passou a me emprestar livros dela, para eu ler e recomendar para a escola, apenas para que eu não tivesse que ficar pegando livros repetidos da biblioteca. Mas com o tempo, ler deixou de ser o bastante. Todas as vezes que eu terminava um livro, ficava um pouco inconformada e com aquele gostinho de quero mais, e me perguntando o que viria depois. O que poderia mudar a história, etc. Então descobri um aplicativo chamado Wattpad e que através dele, as pessoas podiam criar e publicar suas histórias. Quando tinha 15 anos me perguntei: por que não? Eu amava livros com lobos, então tomei a iniciativa de começar o meu próprio. Criei um pseudônimo para manter minha identidade em segredo, e comecei a escrever. Depois de um tempo, tomei coragem para compartilhar a história. Um capítulo por vez. E assim nasceu Wolf Black. O rumo que o livro tomou não foi planejado. Ele simplesmente criou vida própria. Eu não previa o que iria acontecer, apenas começava a escrever quando me sentia inspirada. Escrevia pelo celular, então passava muito tempo grudada nele, e muitas vezes meus pais brigavam comigo achando que eu passava muito tempo nas redes sociais. Eles sabiam que eu gostava de ler, mas sequer sonhavam que eu estava escrevendo também. E antes que eu me desse conta, meu livro se tornou uma trilogia. Com o incentivo de alguns leitores, passei a história para a Amazon. Meu sonho se tornou publicar ele no formato físico, mas eu não tinha condições financeiras para isso, e sabia que ele precisava de uma boa revisão. Então quando completei 17 anos, acabei conhecendo meu primeiro e único namorado. E menos de um ano depois, nós nos casamos, assim que completei 18. Ainda assim, mantive em segredo minha história. E por um tempo, acabei parando de publicar e desistindo da ideia de continuar escrevendo. Depois da pandemia acabei ficando doente. Depois de inúmeros exames e um longo tempo tentando descobrir o que eu tinha, fui finalmente diagnosticada com Talassemia beta intermediária, mas isso não parecia ser tudo, então depois de passar por duas biópsias na medula, logo descobri a mielodisplásica não especificada. Passei por um ano bem difícil e isso acabou afetando ainda mais minha saúde. Acabei desenvolvendo crises de ansiedade e entrando em depressão. Iniciei a terapia, e meu terapeuta sugeriu que eu ficasse com minha atenção em algum projeto que pudesse ocupar minha mente. Foi assim que acabei me lembrando do meu sonho de publicar meus livros. Acabei descobrindo os sites da Uiclap e Clube do autor. Com a ajuda de tutoriais no YouTube, fiz minha própria revisão da melhor forma possível e diagramação. Encontrei um ilustrador chamado Raphael Mortari para fazer a capa dos livros físicos e de forma totalmente independente os publiquei. Os livros me ajudaram a aprender a lidar um pouco melhor com meus problemas. Atualmente minha doença está estável e agora eu tenho um novo propósito para enfrentar o que quer que esteja por vir.
CN: Porque usou um pseudônimo?

Larissa: A princípio, o pseudônimo Mellisa Christine foi criado de forma totalmente aleatória para o Wattpad, para que pudesse manter minha identidade em segredo. E realmente não me lembro o que me levou a escolhê-lo. Acho que optei por usá-lo por medo de que as pessoas soubessem quem eu era e do que poderiam pensar sobre o que eu escrevia. Escrever em segredo com o pseudônimo era como me mascarar. Eu podia ser quem eu quisesse. Fazer o que quisesse. De certa forma, decidi manter o pseudônimo porque me apeguei a ele.

CN: E por que revelou sua identidade?

Larissa: Isso foi algo completamente não planejado. Mas que de certa forma aconteceu para o bem. Contei para meus pais e para o restante da minha família (inclusive para meu marido) que eu havia escrito um livro apenas quando a trilogia já estava finalizada e os livros estavam publicados e em mãos. Minha mãe foi quem se sentiu mais animada e orgulhosa. Ela queria compartilhar com todos, mas eu ainda tinha medo do que as pessoas poderiam achar. Então insistia em manter segredo sobre minha verdadeira identidade. Mas mãe é mãe, e quando elas querem algo, não há quem as detenha. Ela decidiu ainda assim contar minha história. Quando o convite para a entrevista surgiu, confesso que fiquei apavorada. Mas então parei para pensar: do que estou com tanto medo? É necessário dar um salto de fé se a gente quer algo, não? Foi isso que fiz. Decidi tomar coragem e enfrentar meu medo. Só nunca imaginei que a história ganharia tantas proporções e se espalharia desta forma. Mas agora, olho para trás e penso que deveria ter feito isso a muito mais tempo.

CN: Quantos livros publicou?

Larissa: Ao todo escrevi quatro livros. A trilogia Wolf Black (Obsessão, ascensão e intercessão) e Coroa de Cinzas (Novo livro de fantasia que já está em pré-venda e será lançado dia 17/05/2024) Mas ainda tenho outros projetos futuros em mente.

CN: Quem é sua inspiração?

Larissa: O primeiro livro grande de fantasia que li, Cinco luas de Ronaldo Cavalcante. A saga crepúsculo de Stephenie Mayer (reli cada livro umas cinco ou seis vezes) e Sarah J Mass, entre muitos outros. São alguns dos meus escritores favoritos e que fizeram eu me apaixonar por fantasia. Me inspiro neles.
CN: Quem a apoia?

Larissa: Minha família principalmente. Antes mesmo de descobrirem sobre meus livros, eles já acreditaram em mim, quando até mesmo eu duvidava. Sempre me incentivaram a buscar meus sonhos e nunca desistir.

CN: Deixe sua mensagem aos nossos leitores.

Larissa: Não desista. Às vezes pode parecer impossível, mas você jamais saberá a força que tem até chegar lá. Às vezes é com pequenos passos que se começa, mas se você mantiver a fé em si mesmo, pode chegar mais longe do que jamais imaginou. Nada é impossível. Então não permita que seus próprios medos e inseguranças te impeçam de buscar seus sonhos, pois só descobrimos nossa própria força quando persistimos em buscar aquilo em que acreditamos.
Larissa já está com um quarto livro em pré-venda na Amazon e que será lançado no dia 17 de maio, online em suas plataformas digitais.

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