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Dra Damaris sai da disputa e deixa o PL

Ascurra teve nova reviravolta na política local. O nome indicado pelo Diretório Estadual do Partido Liberal, tomou uma decisão que muda todo o roteiro da eleição no município de Ascurra. O Cabeço Negro ouviu a advogada Damaris Badalotti que renunciou a sua pré-candidatura no dia 04 de junho.

CN: O que te levou a ser pré-candidata?

Damaris: Quem está diariamente lidando com leis, no meu caso, sendo advogada há mais de 12 anos, existe uma proximidade e uma facilidade na abordagem e na comunicação pública e observações atinentes ao mundo político que parecem inatas. Sempre gostei de tecer comentários e avaliações desenvolvendo comentários políticos que, até mesmo, transformaram minha coluna semanal neste jornal. Com a aproximação da atividade pública, pela Câmara de Vereadores do Município, ficou ainda mais manifesto o gosto pela vida política. Também, evidentemente, entendo que os meus antepassados também criaram essa disposição em mim, seja por meu avô paterno ter sido dono do cartório ou pelo primeiro posto de saúde do município de Ascurra também ter sido na casa deles, ou ainda por terem, meus avós maternos, contribuído no desenvolvimento da comunidade Vila Nova doando terras para a Igreja e para abertura de ruas. Minha avó materna foi fundadora do clube de mães que foi uma das principais e mais corretas associações que esse município já teve. Eu também queria contribuir com a bagagem que possuo profissionalmente e inconscientemente e que poderiam ser aproveitados pelo município.

CN: Como seu nome chegou ao Partido Liberal de Ascurra?

Damaris: A minha admiração por políticos sempre foi muito restrita, pois tenho muita opinião e críticas baseadas em fatos e argumentos. Evidentemente, Bolsonaro sempre foi a fonte de inspiração, pois, ainda que também tenha algumas críticas a ele (risos), ele sempre foi firme, convicto e determinado, mostrou que a política pode ser mais enxuta e, por que não, até mesmo honesta? Há quase um ano quando estive na sede do Partido Liberal em Brasília, a reunião com ele focava já nas eleições municipais e ele alertava quanto à necessidade de se observar as filiações partidárias com alguns critérios. Naquele momento jamais pensava que eu pudesse fazer parte do PL, mas a postura e a coerência demonstrada pelo ex-presidente foram capazes de criar mais admiração. Em razão de ficar entre o conservadorismo, no geral, e o liberalismo para fins econômicos, aproximei-me do PL de Ascurra, pois entendia objetivos próximos. Em 06 de março estive na sede do PL Estadual onde começamos a articular meu nome. Numa reunião, em 20 de abril, com o presidente, vice-presidente e tesoureiro do partido, definitivamente coloquei meu nome à disposição. Naquela semana, conversei com familiares e amigos. E no dia 23 estava almoçando com Bolsonaro e Jorginho Mello. Dali foi decidido, agora também com o aval do coordenador regional, Deputado Ivan Naatz, que Damaris seria o nome do PL em Ascurra. Sem mistérios e sem atropelos.

CN: O que aconteceu de errado?

Damaris: Alguns princípios e convicções são inegociáveis. Não podemos ter um ‘mestre’ da boca para fora, usarmos o nome de Bolsonaro, mas não copiarmos a sua firmeza. Eu realmente não consigo desprezar valores como lealdade, firmeza, retidão e verdade. É claro que a perfeição não existe, porém, eu esperava um suporte e um abrigo seguro para minhas convicções e para desenvolver projetos políticos que pudessem mudar a mentalidade e até diminuir os custos públicos, por exemplo.

Entretanto, ao que tudo indica, membros do próprio partido estabeleceram prioridades individuais e não para o grupo. Fui acolhida pela comunidade e a parceria com meus pares simplesmente mudou. Ao invés de receber créditos pelos primeiros movimentos e apoio populacional, fui alvo de desconfiança e tive que responder a interrogatórios de correligionários. Quando eu deveria me preocupar em aparecer para a comunidade e falar de mim, eu tive que entender e reestruturar o partido que decidiu apoiar outro pré-candidato e ouvir membros que já deixaram o partido. Não acredito que seja necessária uma convenção para um partido e uma cidade tão pequena, especialmente, porque tínhamos uma definição alinhada com o diretório estadual. Decidi não dar minha expertise, especialmente por não acreditar em algumas pessoas do partido. A confiança foi quebrada. Ainda que haja grandes lideranças elas ainda se rendem à velha política. Imaginem viver e desenhar um sonho e depois lidar com a realidade desajustada de ter sido trapaceada com aquela máxima que soa até esquerdista “faz teu nome, a convenção a gente vê depois”. Parece que fui mais respeitada pelos opositores que pelos meus pares partidários. A convivência ficou hostil. Tomei uma decisão. Sou prática. Não permaneço onde não precisam de mim.

CN: O Rosimar Agostini é o pré-candidato do PL? A pré-candidatura dele fez parte de sua decisão?

Damaris: Até a última reunião do partido em que estive presente, sim. O PL continua tendo dois pré-candidatos, Rosimar e o Vereador Algemiro Luciano. Sim, quando me coloquei à disposição do partido para concorrer ao cargo de prefeita, conversei com o vereador Algemiro e ele me afirmou que pretendia focar na vereança, lugar em que é mandatário pela segunda vez. Em conversa com outras pessoas do partido, considerando a possibilidade de o PL seguir com candidatura pura, eu mesma conversei com o Rosimar para que, nesse caso, pudéssemos ser eu a prefeita e ele vice. Ele me falou que estava à disposição do partido para a vereança. Talvez passados dez dias, através de uma entrevista na rádio local ele se anunciava não apenas como pré-candidato, mas com a decisão de uma coligação que já era desenhada pela executiva provisória indicando que tinha Damaris como a cabeça de chapa, ou seja, um atropelo de Rosimar que era desconhecido pelo diretório. Soube de alguns movimentos e ligações telefônicas que ensejaram esse avanço do Rosimar e decidi que onde não subsiste lealdade e palavra não posso, não quero e nem preciso permanecer.
CN: E seus apoiadores?

Damaris: Eu fui gratamente surpreendida por muitas pessoas. Dentro do partido há pessoas bem-intencionadas e íntegras que detém meu carinho e respeito. Eles compreenderam e muitos, espontaneamente, deram o mesmo passo que eu: retroagir. Na comunidade, os mais envolvidos com a política percebem o que PL cedeu ao oportunismo e muitos enxergam que a velha política não quer abrir espaço para uma dinâmica simples e honesta, sem promessas e conchavos. A mim, soa desanimador alguém se dizer patriota e ao mesmo tempo afirmar que para ganhar na política é preciso ‘ter bala na agulha’ (sinônimo de compra de votos) indicando que nosso povo é totalmente corruptível. Levo novos amigos que querem, sim, mudar a política e, certamente, isso será feito no tempo adequado, num momento de regeneração. Há pessoas boas e há um futuro logo ali na frente.

CN: E o PL?

Damaris: O PL, assim como muitos partidos, tem em seu estatuto e ideologia intenções perfeitas. Sabemos que quem mantém o partido grandioso é seu presidente de honra, Bolsonaro, mas também, sabemos que tanto em Ascurra, quanto em cidades vizinhas e representantes de nosso Estado possuem pessoas de coerência e retidão que são fontes seguras para a mudança. Neste momento, eu, Damaris, não quero fazer parte de um movimento que não demonstra solidez e não parece ter a convicção que eu almejava, pelo menos dentro do partido de Ascurra. Eu sempre vou defender o que é certo e, obviamente, me entristece o caminho do PL-Ascurra, mas seguirei com fé inabalável de que adiante poderemos mudar, especialmente, se assim a população desejar.

CN: Sua mensagem final.

Damaris: Deixo a carta entregue ao Partido Liberal de Ascurra.

AOS AMIGOS DA TRINCHEIRA

Inspirada pelos ideais e pela coragem de meu avô que sequer conheci, mas que foi perseguido politicamente deixando um legado de inconformismo inconsciente, também pelo meu pai que brevemente figurou posição partidária, ainda que rápida, e também, sem sombra de dúvida, motivada por meu marido, notadamente porque, pelos bastidores, colaborei desde cedo com Ascurra e com a vida pública, seja porque estive a frente e organizei associações ou porque sempre figurei comentários políticos estimados por algumas pessoas; senti que poderia fazer a diferença num legado vindo do meu próprio passado.

Com perseverança, dedicação e trabalho, construí uma carreira sólida na iniciativa privada e de maneira autônoma, mantendo a dedicação em cursos e estudos na ânsia de sempre estar aprimorada e voltada a ideais dirigidos a um mundo melhor, mesmo parecendo utópico.

Inconformada por natureza com as gestões incompetentes e, especialmente, pós era Bolsonaro, sempre acompanhava as medidas equivocadas em todas as esferas, em 2021, iniciando um trabalho na Câmara de Vereadores de Ascurra aproximei-me da política ascurrense, evidentemente, com observações pertinentes às questões de melhora na administração.

Assim, decidi que poderia participar de uma eleição ficando à disposição do Partido Liberal de Ascurra, com propósitos e projetos e com apoio de pessoas dedicadas e que, assim como eu, tinham os valores e a inspiração na mudança, na coerência e na verdade.

Lamentavelmente, os caminhos do partido se pronunciaram contrários, especialmente sendo conduzidos por lideranças que representam fortemente o partido e contrários a tudo que mais prezo: honestidade e lealdade. Assim, ainda que o apoio dos gestores estaduais e até o próprio incentivo do presidente de honra do Partido Liberal, Bolsonaro, considerando a conveniência do partido, retiro a minha pré-candidatura à prefeitura de Ascurra.
Vale aqui parafrasear Ernest Hemingway

– Quem estará nas trincheiras ao teu lado?
– E isso importa?
– Mais do que a própria guerra.

Não entramos na guerra, mas as pessoas que estiveram ao meu lado nesses quase três meses demonstraram que a trincheira era forte e teríamos condições do melhor embate. Pelas lideranças foi me pedido que, como iniciante, entendesse que ‘quando um ganha outro perde’. Não perdi nada, aprendi e vi quem é quem no jogo político.

Desejo um processo eleitoral de paz e, sobretudo, de verdade, de anseios voltados em prol da população de Ascurra. Que prevaleçam ideias de evolução, de debate político maduro e sem melindres. Desejo que tanto Ascurra quanto os demais municípios e também o próprio Governo do Estado, trabalhem na transparência, sem conchavos e integrados a escrever uma história diferente na política, como aquela que eu idealizei e aquela indicada por nosso norteador Jair Messias Bolsonaro.

Agradeço o carinho, o incentivo e o apoio da população Ascurrense que, desde já, se colocou ao meu lado, assim como, os correligionários que estiveram comigo nos últimos meses.

É preciso saber a hora de seguir ou de retroagir. Agora é momento de retroceder.

Que Ascurra mantenha o discernimento para eleger alguém que promova o bem e a evolução.

Meu muito obrigada. Eu sei quem estará comigo nas trincheiras!

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